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Use este identificador para citar ou linkar para este item: https://repositorio.ufpb.br/jspui/handle/123456789/18756
Tipo: Tese
Título: A voz do outro: classificação, governamento e fabricação da infância anormal escolar nos discursos médico-pedagógicos (1900-1920)
Autor(es): Nascimento, Pávula Maria Sales
Primeiro Orientador: Machado, Charliton José dos Santos
Resumo: No Brasil, as discussões sobre normalidade e anormalidade na infância atravessam os campos da medicina e da educação desde meados do século XIX, através da constituição do saber psiquiátrico e, ao mesmo tempo, por meio dos processos de formalização do campo educacional no país. Estes debates podem ser percebidos tanto nas tentativas de educação das crianças que estavam institucionalizadas em hospitais ou hospícios, quanto dos esforços em se criar estratégias de diferenciação entre aquelas consideradas normais e anormais nos estabelecimentos de ensino regular. É sobre esse campo híbrido, entre medicina e educação, que trata a presente pesquisa. Entendendo a Infância como fruto das ações de governamentalidade desenvolvidas desde o Período Moderno, onde esta possui um caráter de fabricação e sendo, ao mesmo tempo, objeto de análise, diferenciação e classificação para a constituição de uma sociedade disciplinar, de controle e segurança, a argumentação aqui desenvolvida é a de que nas duas primeiras décadas do século XX emerge um regime de verdade em torno da infância anormal e dos comportamentos anormais escolares que vieram a dar sustentação à fabricação de um “anormal escolar” no Brasil. Assim, o objetivo principal deste trabalho é a problematização do conceito da infância anormal e das técnicas de governamento relativas à educação traçadas para esta infância. Para alcançar este propósito, tomamos como fonte de análise duas matrizes discursivas que formaram a base do que se fabricou como o “anormal escolar” no Brasil, sendo elas: a dissertação de Ulysses Pernambucano (1918) e duas publicações de Baltazar Vieira de Mello (1917). O recorte temporal foi escolhido a partir dos parâmetros de publicação das obras escolhidas, bem como pelo entendimento de que estas foram, entre outras, pioneiras em discutir a questão. Por outro lado, a escolha dos autores se coloca a partir de uma linha comum que atravessa as obras em questão: a necessidade de diferenciar a “anormalidade escolar” de outros tipos de “anormalidade”. Por meio da análise histórica das condições de produção dos discursos que instituíram esta infância, pôde-se investigar não apenas o modo como emergiram estes discursos, mas também problematizar as formas pelas quais tornaram-se regimes de verdade sobre os limites entre o que é ser “normal” e “anormal”. Realizada sob a égide da arqueogenealogia foucaultiana, buscou-se explicar como as práticas discursivas de médicos e educadores se engendraram para fazer da “educação da infância anormal” um campo de saberes no século XX. Portanto, esta Tese põe em suspeição o conceito de infância anormal escolar e as tecnologias políticas e educacionais fabricadas para o governamento das crianças vistas como anormais, “indóceis”, “turbulentas”, “problema”, “difíceis”, “desajustadas”, “debéis”, “tardas”, “idiotas”, “imbecis”, “atrasadas”, “retardatárias”, refletindo sobre os caminhos que foram gestados para esta infância e quais conduções a posicionaram dentro da nossa sociedade.
Abstract: In Brazil, discussions about normality and abnormality in childhood have spanned the fields of medicine and education since the 19th century, through the constitution of psychiatric knowledge and, simultaneously, through the processes of formalization of the educational field in the country. These debates can be perceived both in the attempts to educate children who were institutionalized in hospitals or hospices and in the efforts to create differentiation strategies between those considered normal and abnormal in regular schools. This research deals with the hybrid field between medicine and education, where childhood, as the object of analysis, differentiation, and classification for the constitution of a disciplinary, control and security society, is the product of the governance actions developed since the Modern Era, holding a manufacturing character. The argument presented herein is that, in the first two decades of the 20th century, a truth regime emerges around abnormal childhood and abnormal school behavior that would support the manufacture of a "school abnormal" in Brazil. Thus, the main objective of this work is to problematize the concept of abnormal childhood and of the governance techniques related to education designed for this childhood. To this end, we chose as the source of analysis two discursive matrices that shaped what was manufactured as the "school abnormal" in Brazil, namely Ulysses Pernambucano’s dissertation (1918) and two publications by Baltazar Vieira de Mello (1917). The time frame was chosen based on the publication parameters of the selected works, as well as on the understanding that these were, among others, pioneers in discussing the issue. On the other hand, the choice of authors is based on a common topic found in these works: the need to differentiate "school abnormality" from other types of "abnormality". Through the historical analysis of the conditions of discourse production that instituted this childhood, it was possible not only to explore how these discourses emerged, but also to problematize the ways in which they became truth regimes about the limits between what is "normal" and "abnormal". Under the aegis of Foucaultian archaeogenealogy, we sought to explain how the discursive practices of doctors and educators were engendered to turn "abnormal childhood education" into a field of knowledge in the 20th century. Therefore, this thesis questions the concept of abnormal school childhood and the political and educational technologies fabricated for the governance of children seen as abnormal, "indomitable", "turbulent", "trouble", "difficult", "maladjusted", "late", "idiots", "imbeciles", "retarded", reflecting on the paths that were conceived for this childhood and what conductions positioned it within our society.
Palavras-chave: Infância anormal
Governamentalidade
Governamento
Educação
Abnormal childhood
Governmentality
Governance
Education
CNPq: CNPQ::CIENCIAS HUMANAS::EDUCACAO
Idioma: por
País: Brasil
Editor: Universidade Federal da Paraíba
Sigla da Instituição: UFPB
Departamento: Educação
Programa: Programa de Pós-Graduação em Educação
Tipo de Acesso: Acesso aberto
URI: http://creativecommons.org/licenses/by-nd/3.0/br/
URI: https://repositorio.ufpb.br/jspui/handle/123456789/18756
Data do documento: 3-Fev-2020
Aparece nas coleções:Centro de Educação (CE) - Programa de Pós-Graduação em Educação

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