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UFPB pode ser polo paralímpico brasileiro em 2018
“O convite foi feito. Estamos negociando", garante o docente, que trabalha há mais de 20 anos na formação e treinamento de atletas. "Não sabemos ainda a natureza dessa parceria, se realmente vamos nos tornar um polo e o que o Comitê pretende oferecer em contrapartida. De nossa parte, temos os melhores paratletas de atletismo do Brasil, além de infraestrutura, recursos humanos e equipe multidisciplinar”, explica Pereira.
Institucionalmente, a notícia foi dada na tarde de 18 de dezembro, em reunião no gabinete da reitora Margareth Diniz. De acordo com a gestora da UFPB, as diretrizes e o tempo do convênio só serão definidos a partir da formalização da proposta, que seguirá para eventuais ajustes e os trâmites legais.
No momento, Pedro de Almeida Pereira, mais conhecido como professor Pedrinho, tem dado continuidade ao projeto de extensão para formação e treinamento de atletas, em vigor desde 1995. Na modalidade atletismo, participam 22 esportistas, dos quais 10 são paratletas. Cerca de 15 alunos da graduação, em estágio supervisionado, auxiliam nesse trabalho.
Resultados
Para o professor Pedrinho, não há dúvidas de que a intenção do CPB de estabelecer uma parceria com a UFPB foi motivada pelo protagonismo de pelo menos quatro paratletas da UFPB. Os integrantes desse time de sucesso são Petrúcio Ferreira dos Santos, 21 anos; Cícero Valdiran Lins Nobre, 26; João Luiz dos Santos, 44; e Joeferson Marinho de Oliveira, 18. Todos são de comunidades da Grande João Pessoa e se mantêm com bolsa do governo federal.
A atual boa fase do atletismo paralímpico da UFPB teve início nos Jogos Parapan-Americanos de 2015, em Toronto, no Canadá, nos quais Petrúcio Ferreira dos Santos, classe T-47, obteve duas medalhas de ouro - uma na prova de 100 metros rasos e a outra na prova de 200 metros rasos - e João Luiz dos Santos, classe F-46, recebeu a medalha de ouro na prova de lançamento de disco.
No ano seguinte, nos Jogos Paralímpicos de Verão, no Rio de Janeiro, Petrúcio voltou a brilhar. Só que mais e em casa. Ele foi medalha de ouro nos 100 metros rasos, quebrando o recorde mundial, com a marca de 10s57, e também medalha de prata na prova dos 400 metros. Já Cícero Valdiran Lins Nobre ficou em 4°, na prova de lançamento do disco.
Ainda em 2016, no Campeonato Mundial, realizado em Londres, Petrúcio se sobressaiu com a conquista da medalha de ouro nas provas de 100 e 200 metros rasos, batendo os recordes mundiais em ambas, com os tempos de 10s53 e de 21s21, respectivamente. João Luiz dos Santos obteve a 6° colocação no lançamento de disco.
Outro paratleta da UFPB que vem despontando é Joeferson Marinho de Oliveira, classe T-12. No ano passado, angariou medalha de ouro nos Jogos Parapan-Americanos de Jovens, realizados em São Paulo. Em seguida, ao participar do Campeonato Mundial de Jovens, na Suíça, ficou em terceiro lugar na prova de 100 metros rasos.
Em dezembro de 2017, Cícero Valdiran Lins Nobre, classe F-57, obteve a medalha de prata na prova do lançamento do dardo no Campeonato Mundial, em Portugal.
No calendário dos paratletas, as próximas competições serão o Open Internacional, a etapa regional do Circuito Caixa Loterias e mais três etapas do Circuito Nacional, no primeiro semestre de 2018.
Pista parcialmente interditada
Para obter bons resultados, é preciso muito treino e estrutura. Porém, a pista onde se preparam os paratletas da instituição, está parcialmente interditada desde o início deste ano.
A pista de atletismo da UFPB, localizada na Praça de Esportes do campus I, foi implantada em 2012 e homologada pela Associação Internacional de Federações de Atletismo (IAAF), ou seja, possui a mesma tecnologia de ponta das pistas utilizadas em competições internacionais.
Mesmo assim, de acordo com o ex-professor do DEF José Adolfo Carniato, expert na construção de pistas de atletismo no País, houve falha na execução da obra. Não foi aplicado o primer, produto que impede a passagem da umidade da base de concreto para o piso de borracha natural, fazendo com que surjam perigosas bolhas, que podem causar contusões. “Os atletas estão treinando nas raias boas. Mas não podemos realizar e receber competições nestas condições”, esclarece Carniato.
Orçada em mais de R$ 6 milhões e custeada pelo Ministério do Esporte, a construção foi supervisionada e realizada pela Playpiso Pisos Esportivos, empresa que responde judicialmente pelo trabalho.
A pista da UFPB tem 13 milímetros de espessura e 6.500 metros de comprimento aproximadamente. Segundo o especialista, essa é a terceira pista de atletismo na história da UFPB e os bons resultados na atualidade não são pontuais, mas frutos de muito trabalho, ao longo de gerações.
“Tudo começou, na verdade, no final da década de 1970, quando foram criados o curso de Educação Física da UFPB e a Federação de Atletismo da Paraíba, da qual fui o primeiro presidente", conta Carniato. "Nas Olimpíadas de Los Angeles, em 1984, por exemplo, o paraibano João Batista Eugênio da Silva foi o 4° colocado nos 200 metros rasos. Só perdeu para os norte-americanos, entre eles o lendário Carl Lewis”, relembra.
Fonte: ACS | Pedro Paz