Publicado por Juan Carlos da Silva
A obra “Em diálogo com a Educação de Jovens e Adultos - questões, reflexões e perspectivas”, organizada pelo Prof. Elionaldo Fernandes Julião, mobiliza o nosso pensar desde o título. Ao principiar com o anúncio de colocar em diálogo e, na sequência, destacar a indagação, a ponderação, o trazer diferentes pontos de vista em relação à Educação de Jovens e Adultos, já coloca em evidência o compromisso das pesquisas e das publicações com a não obviedade da vida. O que associo ao trabalho de Paulo Freire, quando esse distingue as posições entre sectário de direita e o de esquerda, mas avalia que expressam, em comum, a falta da dúvida.
Assim, abordar de forma ampla e democrática a Educação de Jovens e Adultos, como modalidade da educação básica, é suspeitar da forma como muitos se referem aos que iniciam ou regressam aos estudos, fora da idade considerada apropriada; é desconfiar das avaliações precipitadas, que olham a frequência irregular desses estudantes e, em um piscar de olhos, fecham escolas; é naturalizar a cor da pele daqueles jovens que são abordados e presos, embora “sem fatos, mas com convicção”; dentre outras inúmeras situações que nos exigem estudar com detalhes as condições historicamente criadas, as quais negam e/ou afastam determinada parcela da população do direito de estudar.
Ao olhar com maior proximidade os dados que o PNAD (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios, realizada em 2017 pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística)), somos informados que termos 7,5% de analfabetismo absoluto em relação à população brasileira - o que significa cerca de 15 milhões de habitantes, em um universo de 209 milhões de brasileiros e brasileiras. Agudizando esse olhar, identificamos que são os filhos e filhas dos grupos sociais historicamente impedidos ou com acesso dificultado aos bens socialmente construídos.
É a EJA uma modalidade da educação básica, ainda incompreendida, no cenário escolar? Os textos, aqui apresentados, colocam em discussão elementos necessários para a consolidação de um estudar como condição necessária ao viver em sociedade e, como ato contra hegemônico, de resistência e enfrentamento às estratégias de colonização e contraposição ao pleno viver – como é a negação do estudar para muitos jovens e adultos.
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